(...) "O meu coração incréu vacila quando vagueia pela secção de ficção de uma livraria e vejo as pilhas sem fim nas mesas das novidades, as chamadas de capa (Ele amava-a, mas será que ela o escutava?), as sinopses de badana com o seu solene presente do indicativo (Henry fica livre do seu casamento e embarca numa série de escaldantes...).
É neste momento que penso que vou para a cova sem ler pela quinta vez "Anna Karenina" ou "Madame Bovary" pela quarta.
(...) Ensinem-me como é o mundo!(...)À parte de uns poucos e muito espaçados prazeres, o que ganho eu, ou fico a saber, ao fim de mais um romance, para lá dos remorsos e do triunfo de Henry? Algum romancista me explica por facvr porque começou a Revolução Industrial, ou como o bosão de Higgs confere massa Às particulas elementares, ou como evoluiu a moral, ou o que pensava Salieri do jovem Schubert no seu coro? Se é para saber das aflições de Henry, posso antes ter uma 'Dream Song' de Berryman, que o faço em menos de quatro minutos.
Ian McEwan, sobre a apostasia ficcional.
#nemopaimorrenemnóscomemosasopa
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