Café do guerreiro


Caiu.

Foi como ver o guerreiro a enterrar a espada, já ensaguentado, com um olho cego e a respirar mal. Estávamos há uma semana à espera de quarta-feira. Na terça, até as luzes da Assembleia se apagaram de súbito (e durante uma hora), como um primeiro sinal de luto.

A quarta trouxe mais gente, mais carros, muito mais alvoroço. As borboletas não estavam só na sua barriga. Parecia Natal ou Ano Novo. Melhor, parecia o casamento do namorado com quem se esteve mais tempo mas que, gentilmente, nos convidou para ver o triunfo. Ele sentia-se como nós, mas os outros - até os que escrevem para o papel e nem a voz lhes ouvimos - vinham com casacos e lábios brilhantes.

Foram umas cinco horas a vê-los fazer aquilo que já se sabia. Quando chegou a hora, ninguém falou, vimos todos. Os que estiveram o dia todo a olhar para o relógio com o champanhe e as passas na mão, iam tendo três AVC e um ataque cardíaco.

Quando cheguei à cama não sabia onde pôr tanta tensão/energia e cansaço.

E agora?

Caiu.

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