Leite Meio-Gordo

Sean Penn de Arco-íris.
A combinação resultou bem, tendo lhe valido dois pequenos homens dourados. Ainda sem saber se Rourke - seu opositor directo - merecia um desses homenzinhos, Sean Penn não desilude. Mais um grande e controverso papel, desta vez incorporando o espírito reinvidicativo dos anos 70 de Harvey Milk.
Nesta película, Penn encarna o primeiro político, assumidamente homossexual, eleito para um cargo público,na California. Milk luta em prol da igualidade de direitos, contra fundamentalismos cristãos e políticas que fazem lembrar o tríptico deus-pátria-famíla. Tudo tem ínicio, quando ao completar 40 anos, concretiza que nada fez que merecesse o seu orgulho e cansado de viver na obscuridade da gay culture, resolve mudarse-se para Castro Street e assumir a sua orientação sexual, em todo o seu esplendor. Para isso conta com o amparo do seu mais recente companheiro, Scott Smith.

Scott é James Franco, que aqui despe o bonito rebelde ( quem não se lembra de Daniel Desario em Freaks and Geeks? ) e veste o seu amor ao leite. Não é brilhante, mas é consistente. E vem frequentemente à ideia, que é o homossexual mais heterosexual, de sempre (mesmo apesar dos caracóis de cupido e dos beijos apaixonados a Milk). Juntos instalam-se na Castro, e montam a sua pequena loja de fotografia: a CastroCamera que viria a tornar-se o seu quartel-general, de onde resultariam as primeiras candidaturas a supervisor público. Contudo, e pela forma como levantava a bandeira com as sete cores do arco-íris, já na altura era conhecido como Mayor of Castro Street.

Nos seus apoios, Milk conta com Cleve Jones, que deixa de ser um traseunte êxcentrico e boémio para passar a ser um dos braços de Harvey. Emile Hirsch e Sean Penn voltam a encontrar-se, depois de um binómio actor/realizador vivido em Into the Wild. A junção volta a funcionar e Hirsch continua a dar cartas.

Mas mais que Franco ou Hirsch, denote-se Josh Brolin, que a não ser um cavaleiro negro que roubou para si um dos homenzinhos de tom d' oiro, tinha-lo merecido inteiramente. Pelo tom misterioso e intrigante da personagem, que tanto nos gera compaixão e compreensão como um ódio visceral. Personagem calma, mas que parece ter dentro de si uma pequena tempestade que lhe faz ter nas mãos o desfecho da estória.

Last, But not least: Gus Van Sant, que não está no seu estado mais puro. Insurge numa versão mais comerciável, com nomes sonantes no elenco e menos 'independente' nos seus planos e sequências. Mas isto não é necessariamente mau. Contudo, podem ver-se alguns dos seus traços: veja-se o plano do apito, no ínicio, e o do espelho, aquando da morte do Mayor George Moscone, ou até mesmo a morte silenciosa de Milk, virado para a Ópera.

Milk é bom, recomenda-se e quer-se assim, nem magro, nem gordo.

My name is Harvey Milk and I am here to recruit you!

1 comentário:

  1. :) Tenho que ir ver* nem que seja por ser eu o sr.Got milk!?
    Está bonito o blog, gostei mt do conceito. Boa sorte! Beijinho grande*

    ResponderEliminar